Em outubro de 1954, Roberto Marinho sentou-se à mesa e escreveu na sua Remington a crônica que marcaria o último dia de trabalho na antiga sede de O Globo, na rua Bittencourt da Silva. O editorial Despedida foi publicado na primeira página. No dia seguinte, a redação e as oficinas foram transferidas para a Rua Irineu Marinho, 35, Centro do Rio de Janeiro. Era o início de processo de modernização do jornal, que incluía a aquisição de novos equipamentos gráficos: as rotativas Hoe, as mais modernas da época.
Na sede da Rua Irineu Marinho, Roberto Marinho continuou a sua rotina de acompanhar todas as etapas do processo de elaboração, produção e distribuição de O Globo. Era muito atento também à reação dos leitores. Todos os dias, passava no distribuidor para saber como estava a venda do jornal. E O Globo foi crescendo. Em 1958, o jornalista resolveu lançar uma edição nacional do vespertino, com distribuição aérea para todo o país. Entre 1958 e 1960, inaugurou duas sucursais, em Belo Horizonte e Brasília.
O Globo publicou a primeira radiofoto colorida em 1959. A imagem era da rainha Elizabeth discursando em Quebec, na inauguração do caminho de navegação entre os Grandes Lagos e o Oceano Atlântico, através do canal de São Lourenço. A radiofoto, transmitida pela United Press Internacional, foi tirada de uma fotocor de Fitzgerald. Revelada e preparada para a transmissão em Montreal, no Canadá, chegou à redação por uma linha especial da Telerádio, via Nova York.
O Globo sempre se preocupou com a melhoria do país e da cidade onde estão os seus principais leitores, o Rio de Janeiro. Esta preocupação se concretizou em 1952, quando Roberto Marinho criou o Departamento de Relações Públicas, sob a direção de Walter Poyares. Várias campanhas foram desenvolvidas, como Operário Padrão, Dia das mães e dos pais e Ajude uma Criança a Estudar, coordenada por D. Stella Marinho. Três ainda estão em vigor: Aquarius, Estandarte de Ouro e o Quem lê Jornal Sabe Mais.
Durante o governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961), O Globo denunciou o contexto de intranquilidade e instabilidade financeira do país e apontou os erros e contradições do PSD na política interna e externa. Roberto Marinho se posicionou, em editoriais, contra a construção de Brasília. Ele via na transferência da capital federal um esvaziamento político do Rio de Janeiro. Relacionava a inflação aos gastos excessivos do governo e defendia a posição do FMI, que recomendava restrição ao crédito.
Roberto Marinho foi a favor da candidatura de Jânio Quadros à sucessão de JK. Eleito com o apoio da UDN, Jânio ficou pouco tempo no poder. Renunciou em agosto de 1961, e o vice-presidente, João Goulart, tomou posse sob o regime parlamentarista. Em janeiro de 1963, através de um plebiscito, o presidencialismo foi restaurado. Mas a forte crise econômica e a grande instabilidade política levou, em março de 1964, à deposição de Jango pelos militares.